O final do ano está próximo e, nesta época, fazemos um balanço. Colhemos os frutos, retiramos o que já não serve e organizamos a próxima semeadura. Neste período, também há outra convenção: a celebração do aniversário de Jesus Cristo. Famílias se reúnem ao redor de uma mesa farta e evocam o espírito natalino. No dia 25 de dezembro devemos festejar Cristo, mas também rememorar seus feitos e suas palavras. Afinal, quem foi esse homem e por que o mataram?
Revolucionário, lutou ao lado dos oprimidos. Moveu multidões. Cuidava dos doentes, acolhia as mulheres, alimentava os famintos. Desejava, agia e conscientizava a população para que a justiça social fosse feita. Deixou mensagens de sabedoria, esperança e amor ao próximo. Foi perseguido, julgado e condenado. Religiosamente: por blasfêmia, falsa profecia e profanação aos sábados. Politicamente: por incitar o povo a não pagar impostos ao imperador, declarar-se rei e sedição (rebelião). Jesus não morreu para nos salvar. Foi morto pelos poderosos, porque ameaçava a ordem social vigente.
Se Deus é brasileiro, pode ser que Cristo retorne por essas bandas. Só esperamos que ele não esteja na hora e no lugar errado, como os jovens de Paraisópolis. Ou quem sabe, cuidando da sua casa, no momento em que ela foi engolida pela lama. Esperamos que seu guarda-chuva não seja confundido com uma metralhadora. Que não furte nenhum pão ou barra de chocolate. Que não seja homossexual ou mulher. Desejamos que ele não retorne Guajajara, Yanomami ou Kayapó. Deus queira que ele não volte em um corpo como o de Ágatha Félix, Luana Barbosa, Evaldo Rosa ou Marielle Franco, porque senão, pode ser que já tenhamos o perdido novamente.