Depois da tempestade, o sol volta a brilhar


Chegamos a última edição, de 2019, do Jornal A Banqueta de Notícias. Por isso, fizemos
um especial, com uma retrospectiva das matérias mais marcantes publicadas neste
ano. Os registros não são importantes apenas para manter a história viva, mas
também servem de referenciais para construir o presente e planejar o futuro, o
que evidencia a importância de um jornal para a documentação dos fatos.
Início difícil
Assim que iniciou, o ano já deu indícios de que não seria fácil. A dor da perda e o
nó na garganta foram muito presentes nos 360 dias, até hoje. Logo no primeiro
mês, os brasileiros acompanharam o mar de lama que engoliu mais de 200 vidas em
Brumadinho. Depois, 10 adolescentes foram consumidos pelo fogo que se alastrou nos
alojamentos dos atletas do Sub-15 e 17, do Flamengo. Em março, São Paulo chorou
também. Dois ex-alunos da Escola Estadual Professor Raul Brasil, em Suzano,
entraram na instituição, munidos com um revólver e uma besta (espécie de arco e
flecha). Deixaram sete mortos, 11 feridos e suicidaram no final. Em agosto, 58
pessoas morreram no massacre que ocorreu no presídio em Altamira, no Pará.
Clima hostil
O clima, no Brasil, anda mais hostil para alguns. O garimpo ilegal, grilagem e
invasão nos territórios indígenas aumentaram. A Amazônia ficou em chamas, assim
como o Museu Nacional. Os mares viraram óleo e nosso alimento foi contaminado
com mais de 300 novos agrotóxicos liberados apenas neste ano. A violência contra a mulher, população negra e LGBT também cresceu. A reforma da previdência e trabalhista foram engolidas, a seco, pelo proletariado. Houve aumento do dólar, cortes na saúde e educação pública, além dos escândalos “com o Supremo, com tudo”.
Resiliência
Após tantas batalhas, provamos, para nós mesmos, que, realmente, não desistimos
nunca. Estamos vivos. As virtudes dos bombeiros que atuaram em Brumadinho, dos
brigadistas, na Amazônia, dos comerciantes, nos litorais contaminados pelo óleo,
de cada líder indígena que morreu lutando, estão dentro de nós também. Nos
períodos turbulentos sempre aprendemos algo, principalmente a sermos
resilientes. Como diz o músico Belchior, “tenho sangrado demais, tenho chorado
pra cachorro, ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro”.
Votos para 2020
O jornal entra em recesso e retorna no dia 9 de janeiro, com a primeira edição de
2020. Continuaremos a atuar com responsabilidade, divulgando reportagens
sérias, que incita debates e críticas; a lutar contra o autoritarismo e à
opressão, bem como defendendo os Diretos Humanos, conforme explicitado no Código de Ética da profissão. Que transformemos o luto em luta e que, em 2020, possamos noticiar as reconstruções de tudo aquilo que desmoronou este ano. Desejamos força, união, resiliência, alegria e quepossamos viver de forma mais leve, respeitando às pessoas e as diferenças de cada um!