O Ministério da Mulher, da Família e dos
Direitos Humanos (MMFDH) e o Ministério da Saúde (MS) lançaram no dia 3 de
fevereiro a campanha, aparentemente atraente, “Adolescência primeiro, gravidez
depois – tudo tem seu tempo”, como política pública para combater a gravidez
precoce, com alto índice no Brasil. Ninguém há de discordar que respeitar as
etapas da vida é essencial para um crescimento saudável. Entretanto, o tema tem
causado polêmica por causa da superficialidade em como está sendo tratado.
Aproximadamente um mês antes, o MMFDH soltou
uma nota que explicava a proposta com uma única referência: “O que dizem os
estudos sobre a eficácia da ‘abstinência sexual’ para evitar a gravidez
precoce”, o que pode ser associado à campanha cristã ‘Eu escolhi esperar’, que
tem como base argumentos morais e religiosos – aspectos que uma nação laica não
deveria se fundamentar. Além disso, especialistas, como Dr. Dráuzio Varella,
afirmam que a abstinência é uma estratégia ineficaz.
No lançamento da campanha, não trouxeram à
tona estudos da OMS e da Unicef, que relacionam, um dos motivos da gravidez
precoce, com estupros de vulnerável. O que também chama atenção é que as pastas
se contradizem, como quando o MMFDH afirma que ensinar métodos contraceptivos
“normaliza o sexo entre adolescentes” – contrário ao posicionamento do MS. Além
da principal ação da proposta ser a conversa dentro das salas de aulas,
acompanhada por livros didáticos, o que também contradiz o tipo de política feita
no atual governo, que ataca a Educação Sexual nas escolas. São várias as
ramificações do assunto que poderíamos estender para reforçar como o tema é
complexo e precisa ser tratado com mais seriedade, menos contradições, sem alicerces
religiosos e de forma mais completa.